30 de abril de 2008

Imigrantes tornam cidades mais atractivas

Os imigrantes são um factor de inovação económica, cultural e política nas cidades, e contribuem para criar, em Lisboa, novas oportunidades empresariais que se traduzem numa oferta étnica cada vez mais alargada.

Esta é a principal conclusão do sociólogo Francisco Lima da Costa, fundamentada em estudos desenvolvidos no âmbito do Socinova (um grupo de trabalho da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa), e materializados numa tese de doutoramento que será defendida terça-feira.

Comprovou-se, por exemplo, num estudo sobre empresarialidade étnica em Portugal que, além da dimensão da exclusão, "havia imigrantes que tinham uma inserção económica bastante positiva, nomeadamente os indianos e os chineses". "A partir desta inclusão económica, foi possível olhar para a imigração como um factor positivo para as cidades", considerou o investigador.

Ao contrário de uma ameaça, os imigrantes trazem benefícios à economia nacional e introduzem oportunidades empresariais, aproveitadas pelos próprios, mas também pelas indústrias do lazer e da cultura. "Na última década e meia, a imigração tem trazido um contributo muito importante para a diversificação das ofertas existentes em Lisboa, da gastronomia à música", salientou o especialista, acrescentando que "a cidade cosmopolita" tem como protagonistas também os imigrantes. Outro impacto benéfico prende-se com o rejuvenescimento da pirâmide demográfica, já que a imigração "vem injectar na sociedade portuguesa mão-de-obra jovem".

Na dimensão económica, os processos relacionam-se essencialmente com mercados etnoculturais, como o turismo e o consumo étnicos. Na dimensão cultural, surgem, por exemplo, processos de etnicização positiva, como aconteceu na Cova da Moura que deixou de ser olhada apenas como "um espaço de segregação associado à droga, criminalidade e violência" e surge agora associada a manifestações culturais.

Em termos políticos, verifica-se a produção de "discursos favoráveis à diversidade dos consumos etnoculturais, o que é muito evidente no caso da lusofonia", observou o investigador, acrescentando que "Lisboa ganhou um novo colorido com os fluxos migratórios".

Fonte: Jornal de Notícias

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