As filas que se formaram à porta de muitas lojas em Havana, nesta última semana, não deixaram ninguém indiferente. É verdade que a maioria dos cubanos foi apenas "ver as montras", com os leitores de DVD, os televisores ou os computadores a serem demasiado caros para as suas carteiras. Mas a verdade é que está aí: o fim das restrições "supérfluas", anunciado por Raúl Castro na sua tomada de posse, a 24 de Fevereiro, impensável quando o seu irmão Fidel estava no poder. O uso da palavra "reforma" é contudo tabu.
"Passo a passo sobe-se uma montanha. Pelo menos este senhor é mais realista que o irmão", disse uma jovem à entrada de uma loja, citada no site de imprensa independente cubana, www.cubanet.org. "Deviam ter feito isto há muito tempo", diz outro cubano ao sair da loja com uma bicicleta eléctrica que lhe custou cerca de 520 euros. Fabricadas na China, estão agora ao dispor de todos. Isto é, todos aqueles que possam pagar o equivalente a 40 ordenados médios cubanos, que rondam os 13 euros.Esta abertura económica vai fazer transparecer aquilo que na realidade já existia, duas classes distintas em Cuba. Aqueles que têm acesso aos pesos conversíveis (os CUC), com os quais podem comprar estes novos bens, e os que só podem contar com os pesos normais. Os primeiros valem 24 vezes mais que os segundos e estão acessíveis a 40% ou 50% dos cubanos através do Turismo, dos bónus de algumas empresas ou dos familiares exilados. Anualmente, entram no país por esta última via cerca de dois mil milhões de dólares.
Fonte: Diário de Noticias
Comentário:"Não se trata de hipocrisia ao criticar o fim de certas restrições em cuba… Mas a perda de entidade de um pais está em causa… Para além, de que abertura económica vai alimentar a divisão das classes sociais em Cuba."
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