30 de abril de 2008

Dor da mulher é mais ignorada e subvalorizada que a do homem

A dor das mulheres é subvalorizada em relação à dos homens, sendo considerada menos genuína e grave pelos profissionais de saúde, principalmente pelos profissionais do sexo masculino, segundo um estudo do ISCTE divulgado hoje.

O estudo, realizado a 205 estudantes de enfermagem e concluído no final do ano passado, mostra que a dor das pacientes do sexo feminino é julgada como menos genuína e a sua situação clínica considerada menos grave e urgente que a do homem.

"O projecto partiu de constatações de outros estudos que mostravam que as mulheres relatavam sentir mais dores que os homens e que a sua dor era mais vezes sub-diagnosticada que a dos homens", explicou Sónia Bernardes, investigadora no Centro de Investigação e Intervenção Social no ISCTE e autora do estudo "Os enviesamentos de sexo nos julgamentos sobre dor lombálgica".

No entanto, só com este estudo se percebeu quais os factores que podem influenciar a apreciação da dor dos pacientes, nomeadamente em que medida o tipo de dor, a forma como o doente apresenta a sua dor e o sexo de quem julga influenciam a ocorrência de enviesamentos de sexo nos julgamentos. A investigadora chegou à conclusão de que "a dor da paciente do sexo feminino é julgada como menos genuína e a sua situação clínica como menos grave e urgente que a do homem" em contextos de dor aguda e de curta duração ou na ausência de manifestações explícitas de ansiedade.

Perante estas conclusões, Sónia Bernardes sublinha que "as evidências mostram que embora as mulheres reportem sentir mais dores que os homens ao longo das suas vidas, as suas dores são frequentemente desvalorizadas, sub-diagnosticadas ou sub-tratadas comparativamente com as do sexo masculino".

Este estudo é um dos últimos da tese de doutoramento que começou há cerca de quatro anos e que deverá ser entregue ainda este verão. O estudo está enquadrado num projecto de investigação mais amplo financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Fonte: Jornal o Público

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