6 de maio de 2008

Maio de 1968

Quarenta anos depois, é tempo de avaliar a herança que o Maio de 68 deixou, não só à sociedade francesa, mas ao mundo. Os ecos do movimento revolucionário, que pôs em causa o "poder gaullista", repercutiram-se a nível internacional e chegaram também a Portugal.

Para Vasco de Castro, artista plástico que participou activamente nas movimentações estudantis, o Maio de 68 "alterou o rumo da história", pois foi o ponto de partida para acontecimentos como a queda do Muro de Berlim.

"Foi nas ruas de Paris que se começou a abrir brechas no Muro de Berlim. As primeiras ideias de contestação que deram alento às pessoas começaram lá. Inspirou, por exemplo, a Primavera de Praga, a queda do sistema ideológico de Leste e, pela primeira vez, falou-se da condição feminina", considera.

Também Fernando Pereira Marques, exilado político em França, defende que a maior consequência do Maio de 68 foram as transformações sociais que provocou. "Antes do Maio de 68 as raparigas não podiam ir de calças para as aulas. Se fossem tinham de usar saia por cima. Havia a vontade de mudança e isso notou-se na defesa da sexualidade, do estatuto da mulher, das relações entre sexos", afirma o sociólogo, que assistiu ao eclodir do movimento académico.

Para Fernando Pereira Marques não se deve "circunscrever o sentir e a vontade dos jovens" a slogans como "Imaginação ao poder". "Os estudantes não eram um bando de anarquistas sem projectos. A nível operário, por exemplo, o movimento provocou o aumento de salários. E possibilitou a participação dos estudantes na vida universitária. A universidade mudou-se em França", conclui o antigo estudante da Sorbonne.

"Inquietação" e "alteração de mentalidades"... Bem precisamos agora e estamos no Mês certo!

Fonte: jpn

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