19 de março de 2008

Dalai Lama ameaça renunciar como chefe espiritual

O Dalai Lama anunciou que pedirá a demissão como chefe espiritual dos tibetanos se a situação no Tibete piorar, em declarações a jornalistas a partir da cidade indiana de Dharamsala, onde está instalado o governo tibetano no exílio.

"Se as coisas ficarem descontroladas, então a minha única opção é a de renunciar", indicou o Dalai Lama em conferência de imprensa.

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, acusou o Dalai Lama de ter orquestrado as violentas manifestações que nos últimos dias fizeram dezenas de mortos e apontou o dedo aos apoiantes do líder espiritual, acusando-os de quererem sabotar os Jogos Olímpicos de Pequim, agendados para Agosto.

Jiabao chegou mesmo a chamar "hipócrita" ao líder espiritual tibetano, por defender o diálogo pacífico e, ao mesmo tempo, fomentar actos violentos. O governo chinês exige uma investigação internacional ao envolvimento do Dalai Lama nos protestos de Lhasa contra a administração chinesa no Tibete. "A Comunidade internacional deveria perguntar ao próprio Dalai Lama qual foi o seu papel nos incidentes", disse hoje Qingang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa.

O Dalai Lama, que está exilado na Índia desde 1959, negou as acusações chinesas de ter apoiado as manifestações. "Investiguem com rigor, e se quiserem avançar com uma investigação, estão perfeitamente à vontade", afirmou. "Podem examinar as minhas pulsações, a minha urina... tudo!".

As manifestações de Lhasa começaram a 10 de Março, na data em que os tibetanos lembram a entrada na região do exército chinês em 1959.

As manifestações tornaram-se violentas na sexta-feira com os residentes tibetanos a atacar chineses de etnia Han e Hui, queimando casas e veículos, na maior demonstração de protesto contra a China desde 1989.

"Só existe dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver."

Fonte: Jornal Público

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