18 de março de 2008

Bossa Nova - 50 Anos

Em 1958, surge um disco no Rio de Janeiro que obtem um emenso sucesso. "Chega de Saudade", é uma música interpretada por um cantor e guitarrista baiano, Joao Gilberto. O disco desorienta ou zanga alguns puristas, mas impõe sobretudo um tipo musical inédito, a Bossa Nova, que o Brasil festeja 50 anos de existência.

Derivado do samba, este "novo jeito" quebra com ele. As percussões apagam-se. O ritmo retarda-se. A interpretação torna-se intimista. Joao Gilberto porta uma voz frágil, suave, melancólica, reconhecível entre mil. Aplica à sua guitarra um ritmo original, a batida, com acordes dissonantes. Com "Chega de Saudade", Joao Gilberto mostra ao Brasil e seguidamente ao mundo, o trabalho do compositor Antonio Carlos (diga Tom) Jobim (1927-1994), e do poeta e diplomata Vinicius de Moraes (1913-1980). Viriam a criar juntos, durante vinte e cinco anos, a grande maioria dos padrões da Bossa-Nova.
Assim, na banda original do filme Orfeu negro, de Marcel Camus (1959), a célebre "A Felicidade" e, em 1962, "A Garota de Ipanema", (que se tornou logo um sucesso mundial graças à voz de Astrud Gilberto e saxofone de Stan Getz) projectam a Bossa Nova que hoje integra o património musical universal em reacção ao samba tradicional.
Meio século passado e permanece um tipo de música específico, mas também tipicamente uma música carioca, que canta o esplendor da cidade, a beleza da mulher amada, e toda uma arte de viver. É por conseguinte normal que a homenagem lhe tenha sido devolvida no Rio de Janeiro, sábado 1 Março. Sobre a praia de Ipanema, trinta mil pessoas ouviram durante duas horas uma quinzena de artistas, incluindo alguns antigos companheiros de Jobim e de Moraes, como Oscar Castro Neves e Roberto Menescal.

Fonte: Le Monde

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