13 de junho de 2008

Inédito de Caeiro


Gosto do céu porque não creio que ele seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa algures e algures acaba
E que longe e atrás disso há absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um princípio e terá um fim,
E que antes e depois disso não havia tempo.
Por que há-de ser isto falso? Falso é falar de infinitos
Como se soubéssemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.

Caeiro Poemas Inéditos, sem data

1 comentário:

cláudia pinho disse...

Sim, isto é mesmo coisa do Caeiro...
O blog continua em boas mãos e com bom aspecto. Parabéns André!