A Aos visionários costuma acontecer terem razão antes do tempo. O poeta Joaquim Castro Caldas, que morreu no dia 31 de Agosto - "num domingo e sem acreditar em deus", como alguém escreveu num blogue -, teve-a quando, nos finais da década de 1980, lançou as míticas noites de poesia no Pinguim Café. No início, disseram-lhe que era louco, que não havia quem se dispusesse a ouvir poemas, ainda por cima numa segunda-feira à noite. Pouco tempo depois, as 2.ªs feiras líricas ganharam estatuto de culto.
A partir de 6 de Outubro, no mesmo Pinguim Café, o actor Rui Spranger vai voltar a dedicar as noites de segunda à poesia. Entretanto, embora com nuances, o formato disseminou-se por vários locais do Porto. No Teatro do Campo Alegre, por exemplo, os poemas disfarçam-se de senhoras de salto alto, lavados já do tabaco. Mas ainda há quem, como no Púcaro's Bar, insista na boémia das palavras e as deixe sair sem guião. A partir das 24h00, para não espantar quem vá ali por engano. Já nas Quartas Mal Dita", do Clube Literário do Porto, procura-se que os poemas se enrosquem ao ouvido com o conforto de um pijama velho.
Independentemente do formato adoptado, o Porto parece rendido à poesia. As sessões renderam-se ao poder da Internet. Anunciam-se em mailing lists, comentam-se em blogues, assumem letra de forma em convocatórias à imprensa.
Locais onde se diz e ouve poesia:
- Teatro do Campo Alegre (Rua das Estrelas) - Quintas
- Púcaro's Bar (Rua de Miragaia, 55) - Quartas
- Clube Literário do Porto (Rua Nova da Alfandega, 22) - Quartas
- Café Progresso (Rua Actor João Guedes, 5) - Sem dia certo
Fonte: Jornal Público
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