13 de agosto de 2008

Balanço dos vinte anos da lei que declarou o lobo uma espécie protegida

Vinte anos passados da lei que protege o lobo, ainda serão em número superior os que continuam a contar as fábulas do «mau da fita» que atacou o Capuchinho Vermelho e assustou os três porquinhos, mas oficialmente já se reconhece uma 'mudança de atitude', para com esta espécie.

O Nordeste Transmontano é exemplo disso e um dos últimos redutos do lobo em Portugal, segundo o biólogo do Parque Natural de Montesinho (PNM), Luís Miguel Moreira.

No espaço equivalente ao distrito de Bragança concentra-se um terço da população de lobos do País, constituída por cerca de 300 animais, segundo números oficias, confinados ao norte de Portugal e às duas margens do rio Douro.

'Hoje em dia para a maioria do transmontano, o lobo é um símbolo da conservação da natureza, do património de Trás-os-Montes e da tolerância do Homem para com o meio que o rodeia', explica Virgínia Pimenta, do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), que assina o prefácio do livro «O Lobo».

Da autoria do biólogo Luís Miguel Moreira, este trabalho sobre o património natural transmontano faz o retrato da espécie na região antes e depois de ter sido declarada protegida, a 13 de Agosto de 1988, por uma das poucas leis aprovadas por unanimidade na Assembleia da República.

Um lobo, o Julião, foi quem marcou a viragem na atitude em relação à espécie, ao ser o primeiro salvo por populares, há quinze anos. Em vez de deixarem o animal abandonado à sua sorte, as gentes de São Julião, uma aldeia do PNM, chamaram as autoridades para o salvar do laço em que ficou preso.

Estas armadilhas montadas para caçar ilegalmente javalis continuam a ser a principal causa de morte do lobo na região, segundo o biólogo, apesar de menos visíveis que outras, como os atropelamentos, que encabeçam as estatísticas. O lobo Julião apareceu morto alguns anos depois, em Espanha, mas deixou como legado um melhor conhecimento das alcateias, habitualmente constituídas pelo par reprodutor e a descendência.

A vida parece correr cada vez melhor ao lobo no Nordeste Transmontano, segundo os técnicos do parque, que garantem que 'cada vez têm mais presas selvagens', 'Está cada vez melhor para os bichos, porque há cada vez menos agricultura, mais mato, floresta e sossego', garante Luís Miguel, assegurando que a população de lobos se 'mantém estável', na região.

As presas mais frequentes são javali, veado, corso, o que não falta na região.
Uma das mais aplaudidas medidas para a conservação do lobo é a atribuição de indemnizações pelos prejuízos causados no gado doméstico.

Os técnicos acreditam que os danos, sobretudo nos rebanhos de ovelhas, 'ocorrem mais por mau maneio e falta de guarda do que por iniciativa do lobo, que só ataca quando tem oportunidade', Luís Miguel escreve no seu livro que 'com o maior acesso às armas de fogo aumentou a perseguição do Homem a esta espécie até que foi declarada protegida', 'A partir desta data a maioria das pessoas tornou-se mais tolerante', observou.

Apesar de todas as fábulas e mitos à volta do lobo, quem anda no terreno garante que raramente se deixam avistar 'Está cada vez melhor para os bichos, porque há menos agricultura, mais mato, floresta e sossego', garante Luís Miguel.

Fonte: Primeiro de Janeiro

11 de agosto de 2008

Consultar médico antes de embarcarem em voos de longo curso

A Se tem problemas respiratórios e cardíacos crónicos e vai fazer um voo de longo curso deve consultar o médico e fazer alguns testes antes de embarcar. O conselho é do pneumologista João Carlos Winck, coordenador de um estudo levado a cabo por uma equipa da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto sobre o risco de hipoxemia (diminuição dos níveis de oxigénio no sangue) durante viagens aéreas.

Agora publicado no European Respiratory Journal, este trabalho permitiu concluir que este fenómeno acontece com frequência e pode constituir um risco nos voos de longo curso. Uma constatação que leva os investigadores a propor às companhias aéreas que estejam preparadas para fornecer oxigénio suplementar a viajantes com problemas respiratórios e cardíacos (as flutuações de oxigénio também podem influenciar a formação de coágulos). João Carlos Winck recorda, a propósito, um estudo prospectivo inglês que concluiu que 18 por cento das pessoas com doenças respiratórias avaliadas durante voos de longo curso apresentaram problemas respiratórios.

Para a realização do estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, foram monitorizados os níveis de oxigénio de dez pessoas saudáveis antes da descolagem e durante as viagens, em 20 voos de longo curso e 18 de curta duração. Nas viagens que ultrapassam as quatro horas e atingem 11 mil metros de altitude, as condições de pressão assemelham-se às do cimo de uma montanha de 2500 metros. Neste tipo de ambiente, enquanto num indivíduo normal os níveis de oxigénio podem baixar cerca de 10 por cento e não se verificam problemas, noutro indivíduo com reservas de oxigénio baixas à partida as oscilações podem representar um risco, avisa o especialista, lembrando que há notícia de episódios de problemas de respiração, crises cardíacas e até mortes provocadas pela baixa oxigenação em doentes graves. Recorda, a propósito, o caso do actor espanhol Paco Rabal que em 29 de Agosto de 2001 morreu inesperadamente quando regressava a Espanha proveniente do Canadá, devido a uma insuficiência respiratória (sofria de enfisema pulmonar).

O pneumologista sublinha, porém, que estes casos são raros e que apenas pretende alertar os doentes para a necessidade de consultarem o médico antes de viajarem. "Não faz sentido que entrem em pânico", frisa.

O estudo permitiu ainda perceber que os níveis de oxigénio baixam mais durante determinadas actividades - as refeições, as deslocações dentro do avião - e especialmente nas casas de banho. Winck defende que as companhias aéreas devem estar precavidas com oxigénio suplementar e que é aconselhável que disponham de oxímetros, aparelhos que se colocam num dedo e medem a oxigenação do sangue.

Estimativas indicam que, dos mil milhões de pessoas que viajam todos os anos, cinco por cento sofrem de doenças crónicas.

Fonte: Jornal Público