Vinte anos passados da lei que protege o lobo, ainda serão em número superior os que continuam a contar as fábulas do «mau da fita» que atacou o Capuchinho Vermelho e assustou os três porquinhos, mas oficialmente já se reconhece uma 'mudança de atitude', para com esta espécie.
O Nordeste Transmontano é exemplo disso e um dos últimos redutos do lobo em Portugal, segundo o biólogo do Parque Natural de Montesinho (PNM), Luís Miguel Moreira.No espaço equivalente ao distrito de Bragança concentra-se um terço da população de lobos do País, constituída por cerca de 300 animais, segundo números oficias, confinados ao norte de Portugal e às duas margens do rio Douro.
'Hoje em dia para a maioria do transmontano, o lobo é um símbolo da conservação da natureza, do património de Trás-os-Montes e da tolerância do Homem para com o meio que o rodeia', explica Virgínia Pimenta, do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), que assina o prefácio do livro «O Lobo».
Da autoria do biólogo Luís Miguel Moreira, este trabalho sobre o património natural transmontano faz o retrato da espécie na região antes e depois de ter sido declarada protegida, a 13 de Agosto de 1988, por uma das poucas leis aprovadas por unanimidade na Assembleia da República.
Um lobo, o Julião, foi quem marcou a viragem na atitude em relação à espécie, ao ser o primeiro salvo por populares, há quinze anos. Em vez de deixarem o animal abandonado à sua sorte, as gentes de São Julião, uma aldeia do PNM, chamaram as autoridades para o salvar do laço em que ficou preso.
Estas armadilhas montadas para caçar ilegalmente javalis continuam a ser a principal causa de morte do lobo na região, segundo o biólogo, apesar de menos visíveis que outras, como os atropelamentos, que encabeçam as estatísticas. O lobo Julião apareceu morto alguns anos depois, em Espanha, mas deixou como legado um melhor conhecimento das alcateias, habitualmente constituídas pelo par reprodutor e a descendência.
A vida parece correr cada vez melhor ao lobo no Nordeste Transmontano, segundo os técnicos do parque, que garantem que 'cada vez têm mais presas selvagens', 'Está cada vez melhor para os bichos, porque há cada vez menos agricultura, mais mato, floresta e sossego', garante Luís Miguel, assegurando que a população de lobos se 'mantém estável', na região.
As presas mais frequentes são javali, veado, corso, o que não falta na região.
Uma das mais aplaudidas medidas para a conservação do lobo é a atribuição de indemnizações pelos prejuízos causados no gado doméstico.
Os técnicos acreditam que os danos, sobretudo nos rebanhos de ovelhas, 'ocorrem mais por mau maneio e falta de guarda do que por iniciativa do lobo, que só ataca quando tem oportunidade', Luís Miguel escreve no seu livro que 'com o maior acesso às armas de fogo aumentou a perseguição do Homem a esta espécie até que foi declarada protegida', 'A partir desta data a maioria das pessoas tornou-se mais tolerante', observou.
Apesar de todas as fábulas e mitos à volta do lobo, quem anda no terreno garante que raramente se deixam avistar 'Está cada vez melhor para os bichos, porque há menos agricultura, mais mato, floresta e sossego', garante Luís Miguel.
Fonte: Primeiro de Janeiro
1 comentário:
http://lobos-imortais.blogspot.com/
Pareçe que andam aí uns lobos bem vivos
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